Chapter 15: Capítulo 7 - Eis-me aqui, Senhor!: Os critérios de DEUS na escolha dos SEUS SERVOS (2023)

Capítulo 7

A credencial do servo de Deus

A credencial do servo de Deus não é o seu título. Nenhum distintivo (seja ele apóstolo, profeta, evangelista, pastor, mestre, bispo, obreiro, teólogo, doutor em Filosofia...) caracteriza o servo verdadeiro. A credencial do servo de Deus é Lhe servir. Por conta disso, ele permanece morto para o pecado, para o mundo, para a família e para si mesmo.

A sua vida não lhe pertence, a sua família não lhe pertence nem mesmo os seus pertences lhe pertencem!

Tudo o que lhe diz respeito pertence ao seu Senhor, pois vive para Lhe servir e tem nEle o seu único motivo para viver. Ele não vive para si, mas o seu Senhor vive nele. Ele não se justifica, mas o seu Senhor o justifica.

Além disso, o seu serviço não está restrito ao púlpito, à igreja ou a um escritório. Onde o Senhor estiver, ali estará o Seu servo. E como o próprio Senhor Jesus disse, o Pai honrará o Seu servo com o Espírito Santo (cf. João 12.26).

Nesse seu serviço, não há férias, feriado nem descanso, pois o Senhor é a sua força e o seu refrigério. O servo está à disposição do seu Senhor 24 horas por dia, pelo resto de sua vida; ou seja, o seu serviço começa aqui na Terra e se estenderá até o Céu, por toda a eternidade. A recompensa do servo de Deus é o privilégio de ser chamado de “Meu servo” pelo seu Senhor.

Não é assim com o Meu servo Moisés que é fiel em toda a Minha casa.

Números 12.7

Foi assim com Moisés, foi assim com muitos outros homens e mulheres no passado e pode ser assim com você hoje.

Servo de Deus ou servo do homem?

Moisés morreu, mas a obra do Altíssimo estava incompleta, pois Israel continuava no deserto à espera de conquistar Canaã. Para isso, seria necessário um sucessor. Veja que servos são sepultados, mas os planos de Deus jamais são! O que Ele determinou vai se cumprir e, para isso, Ele escolhe e capacita pessoas. Vemos isso na saída de Moisés e entrada de Josué.

Ao meditarmos em Josué 1.1-2, percebemos o contraste entre Josué e Moisés. Josué havia servido fielmente como um bom estrategista, soldado e fiel assistente de Moisés. Todas essas qualidades, porém, só fizeram com que ele alcançasse, por um tempo, o modesto título de “servo de Moisés”.

Já Moisés foi elevado ao alto posto de “servo do Senhor” pelo próprio Todo-Poderoso. Embora Moisés tivesse morrido fisicamente, ele continuava vivo para Deus; por isso, Sua estima e consideração por ele continuavam da mesma forma. Tanto é que, mesmo tendo findado o seu trabalho na Terra, a identificação de “servo” permanece com ele.

Quando se é fiel a Deus até o fim, não há a menor chance de você se tornar um ex-servo. A fidelidade a Ele atribui tanta honra que garante designação eterna!

Algo bem diferente do que acontece no meio secular, onde as pessoas podem ocupar os cargos mais relevantes, como do Poder Executivo, Legislativo ou Judiciário, mas, num determinado momento, o tempo delas ali termina. Elas podem desfrutar de prestígio, respeito e privilégios, mas tudo com prazo de validade.

Portanto, seja você um servo bom ou mau neste mundo, um dia você vai se tornar um “ex” e será esquecido até mesmo pelos amigos mais chegados. Exemplos não faltam: ex-presidentes, ex-ministros, ex-senadores, ex-jogadores, ex-artistas...

Em muitos casos, a dor de perder o título e as regalias é tão grande que a pessoa se sente frustrada, a ponto de não conseguir mais ter prazer na vida. Por isso, ela sempre procura criar uma situação para voltar aos holofotes e chamar a atenção de alguma forma.

Se, na sociedade, isso é inevitável, no contexto espiritual é uma escolha. Isto é, deixar de pertencer a Deus é fruto de uma péssima decisão do ser humano.

Isso aconteceu com Lúcifer no Céu. Ele era querubim ungido, cheio de luz, mas passou a ser anjo caído e portador de densas trevas. Ele foi o primeiro “ex-servo” de Deus de que temos conhecimento nas Escrituras.

Portanto, quem tem o privilégio de servir na Obra de Deus, independentemente da sua responsabilidade, deve cuidar da sua vida espiritual, pois não existe condição mais miserável para o homem do que ser um “ex” para o Soberano.

Vendo isso, penso: Por que um justo se preocuparia com os aplausos e os reconhecimentos efêmeros deste mundo se tem à disposição uma glória incomparavelmente maior: ser chamado por Deus de “Meu servo”?

O Altíssimo é capaz de discernir com perfeição entre quem serve ao homem e quem serve a Ele. O Senhor conhece quem aprecia as benesses da posição e se serve delas e quem tem como prioridade honrá-Lo. Diante disso, Ele sabe recompensar como ninguém aqueles que carregam as dores desse difícil, mas extraordinário serviço.

Para finalizar, não pense que Josué passou a vida apenas com o título de “servo de Moisés”. A fidelidade e o temor desse homem de fé lhe conferiram o título de “servo do Senhor”. Contudo, ele só conseguiu isso meditando nos Ensinamentos Sagrados e obedecendo-lhes integralmente até o fim de seus dias.

Expectativas erradas

Servir a Deus não é uma profissão ou um emprego que garanta vida tranquila e prestigiosa. Pelo contrário! Para cumprir o seu chamado, o servo do Altíssimo terá de fazer muitas renúncias durante toda a sua vida.

Não há conquista de almas se não houver a máxima abnegação pela causa do Senhor. Carregamos a Semente Divina, mas o tempo da semeadura é um tempo de lágrimas e dores. Já o tempo da recompensa e do descanso virá quando o Senhor Jesus, como o Agricultor Divino, findar a Sua colheita de salvos.

Um agricultor sabe que precisa arar a terra e prepará-la para a plantação. Por isso, ele acorda cedo enquanto todos ainda dormem. Não importa se o céu está escuro, se faz frio ou calor, se chove ou está seco, se tem vontade de trabalhar ou de folgar e se divertir, ele se concentra no seu objetivo — que é plantar — e vai à luta. Ele também sacrifica as suas próprias sementes na confiança de que as receberá multiplicadas no futuro.

Se é árduo o plantio de sementes terrenas, muito mais sacrificante é o plantio da Boa Semente, que é a Palavra de Deus:

Os que semeiam em lágrimas segarão com alegria. Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará, sem dúvida, com alegria, trazendo consigo os seus molhos.

Salmos 126.5-6

“Andando” e “chorando” indicam duas ações que se entrelaçam no processo de ganhar almas. “Andando” revela a disposição do servo para sair do ponto de partida, agir, trabalhar; enquanto “chorando” mostra a sua comunhão com Deus para interceder pelos perdidos. Afinal, não pode haver nascimento se primeiro a mulher não sentir as dores de parto. Isto é, se primeiro não sofrer.

Paulo descreve que sentiu essa dor para gerar filhos na fé entre os gálatas. Para que o Senhor Jesus fosse formado naquele povo, o apóstolo gemeu sentindo, em termos espirituais, as dores das “contrações”.

Meus filhinhos, por quem de novo sinto as dores de parto, até que Cristo seja formado em vós.

Gálatas 4.19

Dessa forma, o servo não pode ter expectativas equivocadas com respeito à Obra de Deus. Não deve esperar um tapete vermelho, o aplauso da sociedade ou o reconhecimento de familiares e amigos por estar fazendo o que é certo.

O seu papel é semear, regar e confiar que Deus dará o crescimento, conforme Ele mesmo prometeu. Se semearmos a Preciosa Semente com fidelidade, haverá também uma colheita preciosa, pois o Altíssimo tem compromisso com a Sua Palavra e jamais a deixará voltar vazia.

Somos cooperadores dEle e nEle nenhum sacrifício é em vão.

Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor.

1Coríntios 15.58

Há sim muito labor e lágrimas, mas, em breve, esse choro chegará ao fim. Se temos um presente de dificuldades, teremos um futuro de recompensa na eternidade com o nosso Senhor.

A menos que morra

Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, muito fruto.

João 12.24

A chegada dos gregos trouxe à memória do Senhor Jesus o preço que Ele deveria pagar para conduzir judeus e gentios à salvação. Sua morte e Seu sepultamento eram exigências fundamentais para que houvesse uma colheita de almas para o Reino de Deus.

O Filho de Deus jamais poderia ser reconduzido à glória do Seu Pai sem que passasse pelo sacrifício da própria vida. Também para que judeus, romanos, gregos e povos de todas as épocas e culturas — incluindo eu e você — fôssemos salvos, Ele teria de ir para a cruz.

Então, mesmo sabendo que a ideia do sacrifício assusta o ser humano, o Senhor Jesus nunca a ocultou daqueles que queriam Lhe servir.

A morte do grão de trigo serviu para ilustrar o que aconteceria com Ele mesmo para que, então, pudesse atrair pecadores para Si e obter a redenção deles.

Para compreender melhor, vamos nos lembrar de como era o processo de plantio do trigo nos tempos de Jesus (uma época em que a agricultura utilizava técnicas bem simples).

Antes de plantar, o agricultor preparava a terra abrindo sulcos com as afiadas pontas do arado. Depois, ele espalhava as sementes uma a uma e, em seguida, as cobria com a terra solta nas laterais das fendas que havia aberto para o plantio. Ali, no seio da terra, a semente teria de morrer para gerar vida. Se isso não acontecesse, não haveria o milagre da natureza de devolvê-la multiplicada.

A umidade das chuvas e os nutrientes da terra eram os elementos que faziam a pequena semente brotar e romper o solo com força.

Ao relacionar a morte do grão de trigo à Sua morte, o Senhor Jesus revelou o princípio que se aplica a todos: o sacrifício. Se nem mesmo o Filho de Deus teria chance de frutificar se não renunciasse à Sua vontade, que dirá nós! Sem a cruz, o Senhor Jesus ficaria só, pois novos filhos não poderiam ser gerados para o Pai.

Da mesma forma, nós, os Seus discípulos, seremos estéreis e estaremos sozinhos em nossa jornada se fugirmos da morte do nosso ego, do nosso temperamento e do nosso jeito, pois jamais poderemos servir ao Reino de Deus carregando conosco os nossos próprios anseios.

Somente quando o espírito do orgulho morre é que nasce a humildade. Somente quando a mesquinharia morre é que nasce a generosidade. Somente quando a dúvida morre é que nasce a confiança na Palavra de Deus e assim sucessivamente.

Por meio do exemplo dado pelo Senhor Jesus, podemos compreender que o semeador representa o Pai, e o primeiro grão de trigo representa o Filho. O Senhor Jesus foi o Primeiro Grão que morreu e reviveu e, a partir dEle, surgiram outros grãos, que somos nós, os Seus servos.

Porém, antes de o servo servir como grão de trigo, ele tem de nascer da água e do Espírito. Não é possível servir a Deus, ou seja, ser a Sua semente, sem ter nascido dEle. É impossível servir ao Senhor Eterno sem ter o Seu Espírito, assim como é impossível servir a Ele sem conhecer a Sua vontade. Somente o Espírito de Deus pode revelar a Sua vontade; portanto, só a conhece quem O possui.

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Author: Fr. Dewey Fisher

Last Updated: 30/06/2023

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